1. |
mate
03:49
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onde vais estar amanhã, quando eu vier para te lembrar
por não estares cá nunca mais te vou olhar e perguntar
onde estás tu neste instante tão difícil de abrandar?
para mim agonizante, para ti tudo vulgar
onde vais estar amanhã quando eu vier para te lembrar
se te vejo em mil anos e contando esvanecer
será que nos lembramos o que é o amanhã
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2. |
homenzarrão
03:23
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quando isto for algo melhor
vais acordar e ser homenzarrão
sem qualquer confusão,
sem fazer dessa culpa, bastião.
sempre que serve a desculpa
está tudo por fazer
estás a meio da frase outra vez
cheio de medo de escrever.
são batalhas navais
que hão de ter um naufrágio sem refrão
sempre que vês letras gordas a cair dos jornais
estás perdido em leituras morais
por quereres soletrar mesmo à força
uma forma de pensar.
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3. |
às virtudes
02:30
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sim, eu sei, aqui estou eu,
sim, bem sei, mais uma vez,
não consigo imitar a lucidez do girassol.
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4. |
velhinho
06:56
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a janela azul
tem brechas a roer os cantos
marcas colossais,
traços viscerais
rugas de expressão
da velha escravidão,
por certo.
estalos no verniz,
algemas que alguém quis.
a janela azul
tem forma de animal felino.
abre para o mar.
como um grave ronronar
o som das dobradiças mói.
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5. |
lugar comum
03:50
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gigante eu hei-de ser
para dar a volta ao mundo e voltar
às minhas canções de embalar.
lograr reconhecer
lugares que ainda estão por baptizar
usando o meu comprido andar.
(mais uma vez)
só ver muralhas a nascer,
fosseis protecções,
nada mais do que ilusões
para nos mostrar
que não há porque embarcar.
nesse lugar.
sem ver lançar,
dançar a rede ao mar.
neste som circular
do regressar.
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6. |
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pinto, com muito cuidado
escrevendo recados para ler
também do mar afastado
despreocupado
pinto, sem acordar ninguém
pinto, quando tudo te escapa
eu saio à socapa no meu vaivém
quando a vela se apaga e não se vê nada
pinto, sem luz porque convém
espreito sem olhar para os lados
está tudo deitado e não há mal nem bem
tudo em linhas rectas, sem fugas concretas
como se fosse um labirinto,
com tudo vedado, circuito fechado onde não sai ninguém
e num muro abafado uma frase pensada,
pinto, e para mim tudo está bem.
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SONO Porto, Portugal
A vila do Sono, onde acontecem estas canções, é o espaço criado por um colectivo intermitente, onde às vezes somos um ou dois, e outras vezes somos muitos numa festa.
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