1. |
valsa da ignorância
04:05
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quantos tropeções naquele degrau
vão ter que acontecer?
em quantas quadraturas mais
me vou perder?
quantos cigarros mal enrolados
te vou oferecer?
de quantas contas por lembrar
me vou esquecer?
e até, talvez
ficar e adormecer,
com tempo mas sem lugar.
correndo sem mau perder.
o rumo que é regressar
ao barco daquela dança
que tenho na memória
como uma lembrança
de um sono bom.
quantos cobertores mais
vou desafiar?
quantas flores vais colher
só para dançar?
e até, talvez
voltares a adormecer,
serena e devagar.
há muito para tecer.
tormentas para aguentar.
não esqueças a nossa a dança,
perdura-a na memória.
como uma lembrança
de um sono bom.
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2. |
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joão no pé de feijão
subiu, ficou abismado
com o que viu no espelho
o fundo do alçapão.
do nada cresce o pesar.
entre contas e o que há para contar
tempo a mais em danças fatais
na sala dos desalentos.
no canto dos rebentos
descobre anti-virais.
sem fada cresce este lar.
sem varinha, o que há pra arrumar.
joão corta o pé de feijão
com determinação.
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3. |
não se diz
04:15
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esforças-te tanto por me ouvir
e num instante, o esquecer
és sempre tu a decidir
o que escusamos de fazer
tua fome de ser feliz
torna-me réu e a ti juiz
o que tu queres já eu quis
o que eu queria
não se diz
como te olho de manhã
não se diz
descasca tu a tua maçã
não se diz
eu não sou a tua mamã
só sorris
quando me tiras o sutiã
demoras tanto a chegar
e um instante a partir
és sempre tu a inventar
o que eu queria descobrir
tua sede de ser juiz
torna-me réu e a ti feliz
o que tu queres já eu quis
o que eu queria
não se diz
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4. |
semente
02:58
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o dia vem para nos encontrar.
ainda mais devagar, sem se esconder,
o sol trilha caminhos puros
nas artérias de um mundo de mil muros.
esta semente vamos plantar
para o dia chegar, bem devagar.
rodea-la nós mesmos a cantar
desafios de aceitar o que vier.
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5. |
domingo
04:31
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vou ter que me levantar,
tenho sede e está tudo a rodar
porque hoje é domingo e ontem foi algum vinho, só quero que me deixem estar por aqui sozinho,
e penso enquanto destilo.
porque é que ao domingo me sinto tão vazio?
o sofá é o único abrigo onde me vou estender.
não há grande coisa a fazer.
estou deprimido sem aparente motivo mas tudo isto passa amanhã
cá continuo oprimido, entretido em debates comigo
olho para o umbigo e paro para pensar.
tenho que sair do sofá para conseguir perceber se há algo que eu possa fazer
estou deprimido desta vez com motivo.
será que isto passa amanhã?
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6. |
às marés
01:26
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acorda e anda cá fora
onde o sol se põe,
caminhar às cavalitas
sem tropeçar.
porque o mar
cobre as pedras de algas verdes
e não dá para voltar para trás.
acorda, tem que ser agora.
traz o balde e a paz.
vamos erguer mais uma ponte
e confiar.
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SONO Porto, Portugal
A vila do Sono, onde acontecem estas canções, é o espaço criado por um colectivo intermitente, onde às vezes somos um ou dois, e outras vezes somos muitos numa festa.
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